Açores, um mercado imobiliário em expansão

Um destino turístico da moda, mas não só. Os Açores fazem sucesso no imobiliário, e Frederico Abecassis, da Coldwell Banker, explica porquê.

Os Açores estão na moda: para visitar, para viver, mas também para investir. São, de resto, o primeiro arquipélago do mundo com certificado de destino turístico sustentável, e continuam a atrair atenções, pela beleza natural, mas também pela localização estratégica. O mercado imobiliário está em franca expansão e tem potencial para crescer ainda mais, segundo Frederico Abecassis, CEO da Coldwell Banker Portugal. Mas, afinal, por que é que esta região é uma das mais apetecíveis do momento?

Os recursos naturais são imagem de marca dos Açores, mas não só. A eles juntam-se a “gastronomia, a fiscalidade favorável, a segurança, o baixo custo de vida e a autenticidade”, segundo o responsável. Também os “vários mecanismos e instrumentos fiscais para indivíduos e empresas” fazem deste destino um “dos mercados com maior potencial para se viver e investir”.

A verdade é que a região está no radar do investimento imobiliário, quer em termos turísicos, quer em termos residenciais. Recentemente, a Socicorreiaanunciou novos empreendimentos residenciais na cidade de Ponta Delgada, na Ilha de S. Miguel, onde prevê investir entre 15 e 20 milhões de euros, nos próximos três anos. Também o grupo Pestana pretende reforçar a sua aposta nos Açores em termos imobiliários.

Em Ponta Delgada, capital da Região Autónoma dos Açores, a procura de casas para viver tem superado – e muito – a oferta existente no mercado, mesmo em tempos de pandemia, e já é considerado um paraíso onde o imobiliário está ao rubro. A cidade tem várias marcas de mediação, e acaba de receber mais uma: a imobiliária norte-americana Coldwell Banker, que decidiu escolher os Açores para abrir a sua 10ª agência no país.

A razão da escolha é simples: trata-se de um mercado “a crescer a olhos vistos”, e também de uma região que tem uma grande relação cultural e política, por exemplo, com os EUA, que a partir de 2022 terão novas ligações entre Nova Iorque e Ponta Delgada. Estas ligações por via áerea, segundo Frederico Abecassis, são “excelentes indicadores”, porque podem “potenciar o aumento do investimento norte-americano nesta região, através da compra ou arrendamento de empreendimentos”.

Mas qual é que é, afinal, o potencial deste mercado? E os desafios? Por que é que decidiram apostar nesta região? Há projetos imobiliários na calha? O CEO da Coldwell Banker Portugal responde a estas e outras questões numa entrevista escrita ao idealista/news que agora reproduzimos na íntegra.

Qual o maior potencial do mercado imobiliário? E o maior desafio?

Tanto hoje, como no futuro, o mercado açoriano será certamente daqueles com maior potencial. Sobretudo pela sua localização estratégica no meio do Oceano atlântico, que faz com que esta região esteja próxima quer do mercado continental português, como de mercados externos, como o norte-americano e o canadiano.

Também as infraestruturas, que servem esta região insular, como os portos, aeroportos e rede viária, são um fator-chave para a dinamização do setor imobiliário, uma vez que as acessibilidades e as ligações – inter-ilhas e para o resto do mundo – podem ser realizadas por cabo submarino de fibra ótica (tecnologia SDH).

“Tanto hoje, como no futuro, o mercado açoriano será certamente daqueles com maior potencial. Sobretudo pela sua localização estratégica (…)”

Outro fator a que não podemos ficar indiferentes é a multiplicidade de recursos naturais adjacentes ao arquipélago dos Açores, uma região que conta com aproximadamente 1.000.000 km2 de área de Zona Económica Exclusiva (ZEE) dos Açores – 55% da ZEE portuguesa e cerca de 15% da ZEE europeia – , um Património cultural e histórico único no mundo, visível em todas as nove ilhas dos Açores, e um Património Mundial que se pode encontrar no centro histórico de Angra do Heroísmo e Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico.

Todos estes fatores, aliados à hospitalidade açoriana, aos vários mecanismos e instrumentos fiscais para indivíduos e empresas, fazem deste destino um dos mercados com maior potencial para se viver e investir. O maior desafio, do ponto de vista do setor imobiliário, centra-se, sem dúvida, na dimensão do próprio território. No entanto, encaramos este desafio como uma oportunidade – ‘less is more’.

Também o enquadramento jurídico de grande parte do território traz alguns desafios ao nível do desenvolvimento imobiliário, uma vez que a maior parte do solo está afeto à exploração agrícola.

Por que é que decidiram começar a operar nos Açores?

Todos os fatores referidos anteriormente são quase que autoexplicativos. A par dos fatores já mencionados, também a descentralização ao nível da procura provocada pela pandemia – e que veio alterar os hábitos de vida – reforçou a necessidade da rede Coldwell Banker se expandir para os Açores, um mercado que consideramos ter o perfil do cliente de hoje e de amanhã – um ‘Taylor Made Real Estate Market.’

Como avaliam os Açores em termos de oferta e preços de casas para vender e arrendar?

Existem diferenças acentuadas entre os valores praticados na Região Autónoma dos Açores e em outras cidades de Portugal continental e isso é visível nos valores médios de venda de imóveis, onde, nos Açores, rondam os 1.045€/m2, frente aos 2.271€/m2 praticados no Porto e aos 3.708€/m2 em Lisboa. E estas disparidades são também visíveis ao nível do mercado de arrendamento. A título de exemplo, o valor por m2 de uma habitação em Ponta Delgada ronda 6,2€/m2. Este valor duplica em Lisboa (12,4€/m2) e é também substancialmente maior no Porto (9,1€/m2).

Como avaliam o interesse e a procura de casas nos Açores, seja por clientes locais e do exterior?

No último ano assistimos a um maior dinamismo, sobretudo ao nível do mercado doméstico, e a uma forte tendência de crescimento por parte dos mercados internacionais, sobretudo EUA e Canadá.

Estamos também muito expectantes com a abertura das pontes aéreas entre Ponta Delgada e Nova Iorque, já a partir do próximo ano, pois acreditamos que será uma grande oportunidade para a Coldwell Banker, uma vez que temos aproximadamente 2.800 agências nos EUA.

Há uma grande diversidade entre as ilhas? O teletrabalho pode potenciar o interesse em viver nos Açores?

O arquipélago dos Açores, composto por nove ilhas de origem vulcânica, conta com aproximadamente 245.000 habitantes, sendo que 80% reside em Ponta Delgada e na Ilha Terceira. A nossa aposta recaiu em Ponta Delgada precisamente por isso.

É difícil conseguirmos imaginar um lugar melhor para viver ou investir do que numa destas ilhas banhadas pelo Oceano Atlântico. São Miguel é a maior ilha (759 km²), sendo também a mais populosa e aquela onde se localiza Ponta Delgada, a capital económica da Região Autónoma dos Açores e a maior cidade desta região. É conhecida como “Ilha Verde” graças à incrível fertilidade do seu solo, onde se cultiva tabaco, chá, ananás e pastagens.

“É difícil conseguirmos imaginar um lugar melhor para viver ou investir do que numa destas ilhas banhadas pelo Oceano Atlântico”

Todas estas ilhas oferecem uma distinta beleza natural e cada uma delas tem a sua particularidade. Nesse sentido, acreditamos que o teletrabalho possa potenciar o interesse nos Açores, sendo este um dos destinos mais apetecíveis de Portugal.

Os imóveis para turismo continuam a ter potencial?

Sim, apesar do arrefecimento inicial, devido ao clima provocado pela pandemia da Covid-19 que o mundo viveu, o turismo nos Açores disparou. Além disso, no início do ano, o pacote financeiro disponibilizado no âmbito do Programa Operacional Açores 2020 refletiu-se num investimento total superior a 7.2 milhões de euros, cofinanciados a uma taxa de comparticipação de 85% a fundo perdido pelo FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

Parte deste investimento – mais de um milhão de euros – foi destinado às empresas do setor do turismo que, tendo em vista a dinamização da economia, serviu para manter postos de trabalho e compensar as perdas de receitas resultantes do constrangimento da atividade das empresas deste setor.

Há projetos imobiliários na calha para chegar ao mercado e aumentar a oferta de imóveis para comercializar?

Sim. Existem projetos interessantes que irão chegar e acreditamos poder disponibilizar, em breve, vários tipos de oferta.

O que faz dos Açores um ponto de interesse para investir ou viver?

Localização, beleza natural, autenticidade, recursos naturais, infraestruturas, fiscalidade favorável, custo de vida baixo, amabilidade da população local, excelentes infraestruturas e segurança.

Há terrenos disponíveis e é fácil construir nos Açores?

Existem sim. No entanto, e tendo em conta as especificidades deste território, aconselhamos a que investidores e particulares procurem o apoio de uma empresa de mediação e de profissionais qualificados, por forma a garantir uma maior eficácia e segurança no processo.

Importa referir que, apesar dos impactos negativos causados pela pandemia, a adaptação à nova realidade trouxe também alguns ganhos. Um deles foi a aceleração – sem precedentes – da transformação digital, que, no nosso setor, veio facilitar e agilizar os processos de apreciação e aprovação junto dos organismos estatais, fazendo com que hoje em dia os processos burocráticos sejam muito mais céleres.

Fonte: idealista.pt

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