Investimento estrangeiro é responsável por 12% das casas vendidas

O valor médio de transação por compradores não residentes é 95% mais elevado do que o dos compradores residentes, segundo dados do Banco de Portugal.

O mercado imobiliário continua a ser dominado por compradores nacionais, mas nunca o peso dos estrangeiros foi tão grande quanto o registado no segundo semestre deste ano.

De acordo com dados do Banco de Portugal divulgados esta quarta-feira no Relatório de Estabilidade Financeira de novembro, “no acumulado dos quatro trimestres terminados em junho, os compradores não residentes representaram 11,7% do valor das transações de habitação em Portugal.” Este valor compara com o peso de 8,9% das transações realizadas por estrangeiros no ano anterior.

Segundo o Banco de Portugal, o montante de negócios no mercado imobiliário envolvendo compradores não-residentes alcançou quase 30 mil milhões de euros no segundo trimestre deste ano. Em 2021, no mesmo período, ficou abaixo dos 25 mil milhões de euros.

Só na Área de Reabilitação Urbana (ARU) de Lisboa, o Banco de Portugal, citando dados do Confidencial Imobiliário, revela que foram negociados 801 imóveis por compradores não residentes, 36% mais do que em igual período de 2021.

Entre os principais compradores estrangeiros de casas ARU de Lisboa no primeiro semestre estão os franceses, que foram responsáveis por 15% dos negócios realizados.

No entanto, nos últimos cinco anos, os estrangeiros que mais casas compraram na ARU de Lisboa tinham nacionalidade chinesa: de acordo com dados do Confidencial Imobiliário, foram transacionadas 1.371 imóveis por compradores chineses desde junho de 2017, cerca de 18% do total de casas compradas por estrangeiros neste período. Só depois aparecem os franceses, que nos últimos cinco anos foram responsáveis pela transação de 16% dos imóveis.

O Banco de Portugal revela que “as transações de habitação por não residentes aumentaram significativamente no período recente, em particular envolvendo compradores com residência fora da União Europeia”. E com este aumento de procura, também o preço dos imóveis tem sentido alterações.

“O crescimento dos preços da habitação tem sido mais acentuado nas regiões onde o peso dos não residentes é mais elevado e a percentagem de transações de habitação financiadas por crédito interno é menor”, refere o regulador no Relatório de Estabilidade Financeira de novembro.

A compra de casa por parte dos estrangeiros continua a ser maioritariamente realizada com pouco recurso ao crédito bancário. “O crédito à habitação a cidadãos estrangeiros aumentou no período recente, mas continua a ter um peso diminuto”, revela o Banco de Portugal, indicando ainda que o valor médio de transação por compradores não residentes é 95% mais elevado do que o dos compradores residentes.

Entre aqueles que mais pagam para comprar casas em Portugal estão os compradores com domicílio fiscal fora da União Europeia, em que o valor médio de transação no primeiro semestre deste ano foi de 414 mil euros, cerca de 143% acima do valor médio das transações envolvendo compradores residentes em Portugal.

As transações de imóveis envolvendo compradores com domicílio fiscal em outros países da União Europeia, segundo o Banco de Portugal, alcançou um valor médio de 265 mil euros, cerca de 55% acima do valor médio de transação dos compradores com domicílio fiscal em Portugal.

 

Fonte ECO

Recent

Post